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Rotinas da quarentena

  • Denyse Mendes, Juracy Oliveira e Vanessa Freire
  • 9 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

Por Denyse Mendes, Juracy Oliveira e Vanessa Freire


Completado um ano desde a confirmação dos primeiros casos de coronavírus em Fortaleza, mais uma vez estamos sob isolamento social rígido, segundo decreto do governador Camilo Santana. Embora aglomeração de pessoas e atividades ao ar livre, em lugares públicos, estejam vetadas, não é raro encontrar quem descumpra as medidas de lockdown.


É fato que, após um ano de medidas de quarentena, nem todos conseguem cumprir de maneira efetiva todas as determinações como antes. Por vezes, não se trata de desdém pelo vírus ou ausência de medo da contaminação, mas apenas o peso do cansaço. O esgotamento causado por uma rotina que impõe afastamento, incerteza, solidão e tristeza, provocando a piora na saúde mental coletiva. Somado a isso, também velamos os nossos próprios mortos, ao mesmo tempo que lamentamos quatro mil perdas diárias no país.


Os personagens desse ensaio agarram-se às suas rotinas da quarentena, seja dentro ou fora de casa, para conferir alguma estabilidade em meio ao caos pandêmico, que parece não querer findar.

Lúcia Távora, 73, rotineiramente senta em sua cadeira de balanço, ao final da tarde, para observar a movimentação da rua onde mora. Com a pandemia, e por ser grupo de risco, dona Lúcia raramente sai de casa. “Eu tive pouco contato com minha família depois da quarentena, apenas por telefone ou quando eles fazem as compras do mês para mim. Sinto muita falta de conviver com as pessoas que eu amo”, lamenta a aposentada.

Dona Júlia, 59, sentada ao lado de seu Francisco, 65, revela que eles são casados há quase

38 anos. Ele, recém-recuperado de Covid-19, não vê a hora de voltar a ver o Leão jogar no estádio. Dona Júlia dá risada e complementa a fala do marido: “Queria que ele fosse mesmo, para me dar um sossego em casa”.

Lurdes Silva, 65, todo dia se dispõe a alimentar os animais na rua onde mora. Segundo ela, “é uma distração para mim, já que eu passo a maior parte do dia em casa. Além disso, também ajudo os bichinhos”.

Derek Isaac, 14, inclui na rotina diária o passeio com seu animal de estimação. Apesar de não ser do grupo de risco, o adolescente convive com pessoas que são e, por isso, evita ao máximo sair de casa. Porém, devido às necessidades da cachorra, ele vai com ela à pracinha mais próxima do local onde mora. “Acaba sendo uma diversão para mim também”, pontua o estudante.

Joana Sousa, 60, junto com a amiga, Aila Maria, 51, fazem caminhada quase todos os dias no calçadão da Vila do Mar. Joana confirma, “às vezes tem fiscalização e a polícia manda voltar para casa, mas, no outro dia, a gente vem de novo. Não posso ficar parada em casa, sem sair de jeito nenhum”. Para justificar o uso inadequado da máscara facial, Aila explica: “É difícil respirar fazendo exercício com isso aqui”.

Verônica Freitas, 45, leva Isabelle para passear sempre que possível. De acordo com a dona de casa, a neta tem ficado mais irritada e chorona no período de isolamento social, por isso, “saio com ela para dar uma voltinha”, afirma.

Janaína, 10, e sua irmã, Juliana, 12, brincam com o vizinho Pedro, 11. Os três moram próximo à praia e saem para brincar apenas de vez em quando. Janaína logo afirma, “mas minha mãe só deixa sair com máscara”. Quanto a Pedro, ele se diz cansado dessa rotina de não poder sair, “todo dia a mesma coisa”, lamenta o menino.

Diariamente, a Vila do Mar, na Barra do Ceará, encontra-se assim: com pessoas aglomeradas. Algumas usam máscara, outras não. “É comum essa quantidade de pessoas por aqui, principalmente, no fim da tarde”, relata uma moradora.


 
 
 

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